Relatório Mapa da Violência Política de Gênero em Plataformas Digitais

Estudo analisou ataques a 79 deputadas federais e 12 senadoras no Twitter, Facebook, Instagram e Youtube. Talíria Petrone, Dayane Pimentel e Jandira Feghali foram os principais alvos

Relatório desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense acompanhou mais de 4 milhões de mensagens direcionadas a 91 parlamentares mulheres, durante seis meses, e constatou um índice alto de ataques e violência discursiva. O documento aponta que parlamentares de esquerda são duas vezes mais atacadas que as de direita e que o espectro político-ideológico da parlamentar é a motivação principal das ofensas.

Entre as parlamentares monitoradas, Talíria Petrone, Dayane Pimentel e Jandira Feghali foram as mais atacadas proporcionalmente. Pelo menos uma a cada três postagens direcionadas a estas parlamentares continham algum nível de violência.

“Não nos silenciarão nem nas redes sociais, e muito menos nas ruas e na tribuna das casas legislativas”, sustenta a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ). Cinco anos após o assassinato da vereadora Marielle Franco, a violência contra mulheres políticas nas plataformas digitais se evidencia cada vez mais. Com o objetivo de compreender essas manifestações, o estudo analisou uma amostra dos conteúdos monitorados, e verificou que cerca de 9% continham algum tipo de ataque. Insulto (41%), invalidação (26,6%) e crítica (24,5%) são os modos de ataque mais acionados

Ainda que os índices de violência discursiva sejam alarmantes, chama a atenção o fato de que, em 30% dos ataques, a ofensa foi proferida por meio de tom jocoso e satírico, como uma estratégia para camuflar a agressividade. Entre as plataformas analisadas, o Twitter apresentou a maior incidência de ataques, mas é no Facebook que a violência política de gênero alcança maior visibilidade e desperta maior engajamento. Como defende Petrone, “é urgente uma política de regulação das plataformas, que efetivamente fortaleça a democracia e freie o discurso de ódio e a desinformação”. O posicionamento está alinhado com a declaração recente do Presidente Luís Inácio Lula da Silva, em carta enviada à Unesco e lida durante a conferência global “Internet for Trust”, em Paris.

O estudo foi realizado pelo Laboratório de Pesquisa em Comunicação, Culturas Políticas e Economia da Colaboração da Universidade Federal Fluminense (coLAB/UFF), e integra a série de relatórios do projeto DDoS Lab, de combate à desinformação e ao discurso de ódio em sistemas de comunicação em rede. Para mais detalhes, acesse aqui.

Posted in Divulgação Científica.

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